Nota7.5
O Promissor X-Men novo se perde no tempo
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
chega com a “pequena” expectativa de ser o maior e melhor blockbuster
de 2014. Pouca pressão, né? Tudo isso pelo fato de que atualmente a
fonte mais lucrativa dentro da indústria de Hollywood são os filmes
baseados em heróis de quadrinhos. Quem diria. De ideia marginalizada e
mirada ao público infantil, a indústria bilionária precisou se curvar
aos chamados nerds, e desesperadamente tenta agradá-los. Eles são o
termômetro do que é legal ou o que é tosco.
É muito difícil um fã defender uma
produção cinematográfica de forma tão fervorosa, a não ser que esta seja
baseada nas histórias de seu super-herói favorito. Aí sim, vira até
caso de morte. Nos Estados Unidos, por exemplo, a crítica Christy Lemire (ex-Associated Press) foi xingada e ameaçada por ter dado uma avaliação negativa para a superprodução O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012). Isso antes do filme estrear e dos fãs poderem dar por conta própria o seu aval.
O novo X-Men vinha com a promessa de ser Os Vingadores
(2012) da Fox. Era alardeada como a produção do estúdio mais cara até
hoje e com 131 minutos misturaria o elenco original da trilogia (2000,
2003 e 2006), com os jovens de Primeira Classe (2011). Até mesmo o diretor dos primeiros (e melhores) filmes, Bryan Singer,
retornou fechando o ciclo de uma maneira aparentemente majestosa. A
trama escolhida desperta um fascínio a parte, já que trata-se de uma das
histórias mais queridas dos fãs na mitologia dos mutantes.
O resultado, infelizmente, é muito semelhante ao apresentado em O Espetacular Homem-Aranha 2.
Ou seja, um bom entretenimento que serve como chiclete para o cérebro,
sem que lembremos seu saboroso gosto no dia seguinte. O espetáculo é
grandioso, não se enganem. O filme promete tirar o fôlego do público
diversas vezes. A ação em certos momentos é ininterrupta e o humor
também está presente. Mas para começar as reclamações, vale dizer que
este é um filme 80% do elenco jovem de Primeira Classe e que os adorados veteranos ficam com a parte “curta da vara”.
O fato é muito decepcionante. Personagens como a da vencedora do Oscar Halle Berry ficam relegadas ao segundo plano, isto para não dizer terceiro. Os novos personagens então, vividos por Omar Sy (Bishop) e Fan Bingbing (Blink), eram promissores, mas quase nada é construído com eles. Anna Paquin
(outra vencedora do Oscar) aparece numa mísera cena, de relance e sem
diálogos!! E tudo isso para… você acertou, dar ênfase aos rostos mais
conhecidos e atualmente quentes do elenco. Sempre eles.
Qual o sentido de chamar o filme de X-Men (fonte quase tão inesgotável de personagens quanto a própria Marvel) se este será mais um filme de Wolverine (Hugh Jackman), Xavier (James McAvoy) Magneto (Michael Fassbender) e Mística (Jennifer Lawrence).
Misturar tantos personagens num único filme precisando dar ênfase e
importância a todos é um trabalho dificílimo. Mais um motivo para darmos
o devido valor ao citado Os Vingadores, que deu conta do recado de forma espantosa.
Aqui não ocorre isso. As fantásticas
Sentinelas, os robôs gigantes assassinos criados para caçar os heróis…
bom, um conselho: não pisque ou vá ao banheiro. Ao invés, o roteiro
prefere perder tempo com picuinhas, como a amargura de Xavier, e se
concentrar aonde não deve, perdendo o foco central. Nem sequer
brincadeiras em relação à viagem no tempo (um dos temas centrais no novo
filme) ganhamos. Uma tendência negativa dos novos filmes de
super-heróis, que parecem impostas por seus respectivos estúdios, é a
vontade de se tornar um filme da Marvel (vide Os Vingadores) de uma hora para a outra sem ter trabalhado para isso.
A meta parece ser enfiar o maior número
possível de personagens salpicando a tela, para quem sabe num futuro
próximo tentar desenvolve-los. Foi assim com o novo Homem-Aranha e é assim com o novo X-Men. Isso não ocorreu com o ótimo Capitão América: O Soldado Invernal
(o melhor filme de herói recente), cujo principal objetivo foi contar
uma história, delineando bem seus personagens e não os jogando em cena
para criar mais merchandising.
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